
Um torcedor do Brasil assiste à transmissão da TV Muro da partida de futebol do Grupo G da Copa do Mundo Qatar 2022 entre Brasil e Sérvia em Sabará, Brasil, em 24 de novembro de 2022. (AFP)
RIO DE JANEIRO, Brasil – Em biquínis amarelo e verde, camisas de Neymar e tops brilhantes saídos do carnaval, os brasileiros largaram tudo na quinta-feira para assistir a seleção fazer sua tão esperada estreia na Copa do Mundo, explodindo em comemoração à sua primeira vitória.
Em frente a uma tela gigante na famosa praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, no meio do que normalmente seria um dia de trabalho, torcedores de todas as idades comemoraram a vitória do Brasil por 2 a 0 sobre a Sérvia – e se permitiram sonhar com um recorde sexto título da Copa do Mundo pode estar no horizonte.
Parado na avenida à beira-mar com a camisa do Brasil, o pedreiro Benildo Ferreira explodiu de alegria no segundo dos dois gols, ambos disparados pelo atacante do Tottenham Hotspur, Richarlison.
“Fiquei preocupado” durante o primeiro tempo sem gols, disse Ferreira, 51, à AFP, quando fogos de artifício explodiram no alto.
“Mas o Brasil vai chegar à final e nós vamos vencer.”
Foi uma espera angustiante para muitos no Brasil louco por futebol, cuja paixão febril na época da Copa do Mundo costuma ser comparada a uma nação em guerra.
Milton de Souza mexia nervosamente sua caipirinha em um bar à beira-mar enquanto esperava o gol inaugural.
“Só temos que ser pacientes”, disse o aposentado de 58 anos, que estava vestindo verde e amarelo – assim como praticamente todo o país, ao que parecia.
Ele foi cauteloso sobre a questão de saber se a “Seleção” poderia acabar com a seca de títulos de 20 anos.
“Nada é certo no futebol.”
Outros já ousavam sonhar.
“A Copa é nossa este ano, sem dúvida”, disse Marcos Vinicius, de 23 anos, que previu com precisão os dois gols de Richarlison antes da partida.
cidades fantasmas
Os centros das cidades do Rio, São Paulo e outros centros da maior economia da América Latina, entretanto, se transformaram em cidades fantasmas enquanto o Brasil parava para assistir ao jogo.
O vendedor de comida de rua Kaua Suarez, 19, e três clientes estavam amontoados em torno de um telefone celular que ele havia apoiado em sua barraca de cachorro-quente, assistindo à partida no quase deserto centro da cidade do Rio.
“Eu tinha que trabalhar, então encontrei uma maneira de assistir de qualquer maneira. Vou assistir a todos os jogos, não importa o horário”, disse.
“Futebol é o sonho de todo garoto de favela no Brasil. Somos loucos por isso. O brasileiro já nasce amando o futebol.”
Até o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva tirou um tempo das negociações políticas antes de sua posse em 1º de janeiro para assistir.
Ele twittou uma foto dele e da esposa com camisas da seleção, uma TV ao fundo, com a mensagem: “Parabéns Brasil. A caminho do título número seis!”
chega de política
O pequeno exército de vendedores que vendiam camisetas, bandeiras, cachecóis, chapéus e inúmeros outros equipamentos da Copa do Mundo estava feliz que a vitória de Lula nas eleições de outubro finalmente pôs fim ao tabu de usar amarelo e verde, as cores que derrotaram a extrema-direita O presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores adotaram como seus.
“As pessoas eram resistentes. Eles realmente esperaram até o último minuto para comprar (amarelo e verde), por causa da situação política”, disse a vendedora Giselle de Freitas, 41 anos, que vendia uma infinidade de brincos, tiaras e outros acessórios em Copacabana.
Para a maioria, a febre da Copa do Mundo venceu no final.
Não para todos, no entanto.
O porteiro do hotel, Osvaldo Alves, um homem magro de 74 anos, com cabelos brancos ralos e uniforme vermelho brilhante, foi um dos poucos que não assistiu à partida.
“O país sempre larga tudo quando joga a ‘Seleção’. Ficamos sentados assistindo futebol e não resolvemos nenhum dos nossos problemas”, disse ele de seu posto no hotel no centro onde trabalha.
“É uma doença que o Brasil tem. Os brasileiros são loucos por futebol.”
gsg
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